Recomendações de Tratamento
A principal razão apontada para a elevada prevalência de lombalgia crónica é o fosso substancial entre as recomendações por parte da evidência científica e o padrão de prática atual, que se caracteriza por uma utilização excessiva de cuidados de baixo valor e na subutilização de cuidados de elevado valor. Estas características estão presentes em vários aspetos da resposta dos serviços e dos profissionais aos indivíduos com lombalgia que procuram os cuidados de saúde.
As 5 MENSAGENS CHAVE
1) |
A intervenção de primeira linha deve ser não farmacológica. |
2) |
A intervenção deve ser orientada por uma perspetiva biopsicossocial. |
3) |
Os exames laboratoriais e imagiológicos não devem ser utilizados de forma rotineira na avaliação da lombalgia. |
4) |
As modalidades elétricas ou físicas passivas de tratamento, como o ultrassom, estimulação nervosa elétrica transcutânea (TENS), tração, terapia interferencial, diatermia por ondas curtas não devem ser utilizadas. |
5) |
Os utentes devem ser avaliados e estratificados em categorias de risco de desenvolver dor persistente e incapacitante de forma maximizar a sua referenciação para tipologias de tratamento com maior custo-efetividade. |
O Questionário “STarT Back Screening Tool”, desenvolvido pela Universidade de Keele (Reino Unido) e culturalmente adaptado à população portuguesa, ajuda o profissional de saúde a classificar as pessoas com lombalgia em três grupos de risco (Baixo, Médio e Elevado Risco) de desenvolver dor persistente e incapacitante.
Para cada subgrupo de risco existe uma tipologia de tratamento especificamente desenhada para modificar os fatores de risco presentes nesse subgrupo.
Os utentes classificados com Baixo Risco necessitam apenas de uma intervenção mínima (1 sessão) baseada na educação personalizada, informada pela evidência e centrada na promoção da autogestão da condição. Os utentes classificados com Médio Risco beneficiam de uma intervenção especializada, informada pela evidência com base na educação do utente, terapia manual e exercício, num máximo de 6 sessões. Os utentes classificados como Elevado Risco beneficiam de 12 sessões em grupo, de fisioterapia especializada e informada pela evidência científica, orientada pelos princípios anteriormente descritos para o grupo de Médio Risco, mas suportada na abordagem cognitivo-comportamental.